terça-feira, 23 de junho de 2009

Bola de Neve lota cultos com jeito jovem

A prancha virou marca registrada. Na Bola de Neve Church, o altar é despojado, tem a cara jovem e revela o espírito de quem freqüenta uma das mais modernas denominações evangélicas do País. Criada há oito anos por um surfista amador, a igreja faz sucesso na região e arrebanha cada vez mais fiéis. 

Nos cultos, realizados nas noites de terça e sábado, na sede de Santo André, o clima é de louvor. A banda dita o ritmo do encontro, com luz baixa. Ao som de reggae e rock, cerca de 500 pessoas cantam letras que pregam a entrega a Deus. O pastor Felipe Parente, 29 anos, garante que todos são aceitos. 

“Jesus falou: ‘ninguém vem ao Pai se não for por mim'. Ele não estipulou tipo de roupa ou linguajar. Para chegar a Deus, não é preciso mudar a maneira de se vestir, de falar. É preciso, sim, largar comportamentos do passado. Isso atraiu os jovens porque, se você tem uma tatuagem, ninguém aqui vai te olhar torto”, garante. 

A liberdade cedida aos freqüentadores não é confundida com libertinagem. A igreja conta com uma hierarquia que tem o apóstolo Rinaldo como líder principal. Abaixo dele, pastores e coordenadores de ministérios (espécies de pastorais, que reúnem fiéis para evangelização de crianças, jovens, realização de trabalhos sociais ou eventos) tomam conta de núcleos ou sedes de portas abertas. 

Os núcleos são pequenos pontos de encontro para os fiéis. Podem ser montados em casas, comércios ou mesmo estúdios de tatuagem, caso de São Bernardo. Em São Caetano, há um está instalado embaixo de um prédio que serve de salão de sinuca. Sinal de que improvisar dá certo. “Quando o apóstolo Rinaldo começou o trabalho com jovens, usou um espaço improvisado. Era um local cedido por uma empresa de roupas de surfe. O que mais tinha por lá era prancha. Pegamos uma para usar como mesa, apoiamos a Bíblia e começamos os cultos. Criou-se uma logomarca para a Bola de Neve sem que a gente quisesse.” 

Planejada ou não, a estratégia está espalhada pelo Brasil. A chegada ao Grande ABC se deu para atender à demanda, em constante crescimento. “Nossa igreja não é somente para surfistas. Eu mesmo nunca peguei onda. Nosso objetivo é transformar a vida das pessoas. O único chamativo é Jesus.” 

“Nosso diferencial é aceitar todo mundo”

Estilos à parte, a pregação da Bola de Neve segue a linha evangélica convencional. Os fiéis são orientados a não praticar sexo antes do casamento, não usar drogas, não julgar, não trair, enfim, não pecar. O diferencial está na forma como os mandamentos são impostos às pessoas que freqüentam os cultos. 

“Aqui as pessoas ficam à vontade para escutar a palavra de Deus. Aceitamos todo mundo, mas pregamos o Evangelho. Não temos preconceito com pessoas que usam maconha, bebem ou fumam. Com o tempo, elas percebem que o caminho de Deus exige uma transformação de vida”, diz Márcio Endo, 28 anos. 

Coordenadora do ministério das boas-vindas, Sandra Duarte, 45, afirma que sentiu os ‘efeitos' da palavra de Deus em sua própria vida. “Já usei drogas, já tive relações fora do casamento. No tempo de Deus, as coisas se modificaram. Casei, sigo os ensinamentos e hoje sou feliz em minha vida. Há muitas histórias como esta por aqui. A transformação realmente acontece. É preciso deixar Jesus agir.” 

Para ajudar na conversão, a Bola de Neve de Santo André ainda organiza o culto de louvor. Às sextas-feiras, a balada dos fiéis é na igreja. No cardápio musical, muito reggae.


Fonte: Diário do Grande ABC

Negócios da Fé

Por Laila Mahmoud

ExpoCristã é vitrine do crescimento das igrejas neoevangélicas e do potencial de seus fiéis como mercado consumidor.

Há pelo menos dez anos tem se acentuado um processo que chama atenção com relação aos neoevangélicos: sua organização. Cada vez mais próximos das hierarquias dos organogramas das empresas, eles se interessam por aspectos administrativos e gerenciais. E, para atingir esse mercado consumidor, gravadoras, agências de turismo, confecções, marcas de instrumentos musicais, emissoras de tv, rádios, editoras de livros sobre administração e qualidade na gestão foram montados. Todos ligados ao universo cristão. 

De acordo com o último Censo Populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, os evangélicos são hoje cerca de 26 milhões ou 15,45% da população. Em 1991, eles eram cerca de 13 milhões ou 9,5% da população. Uma parcela desse universo consumidor e dos produtos neles focados estiveram na Expo Center Norte, em São Paulo, de 12 a 17 de setembro desse ano. O objetivo da feira era fechar negócios e esse público cada vez mais em expansão: o evangélico. Segundo a organização, foram mais de 100 mil visitantes nos seis dias de evento, cerca de 350 expositores e R$ 50 milhões movimentados. 

Uma programação de palestras cujo intuito é a formação e o treinamento de líderes para aquele momento em que a igreja começa a crescer estava estruturada. Softwares para gerenciar fiéis, doações e atividades da igreja também foram comercializados na feira, que cresceu, segundo seu organizador, 17% (ou um pavilhão) em apenas um ano. Para ele, a tendência de crescimento do setor é grande, sobretudo pela inserção desse segmento no chamado mundo “secular” (não católico). “Hoje, dificilmente você vai ver uma grande rede de varejo sem um departamento gospel”, explica, afirmando que redes como Saraiva e Siciliano já estão abrindo espaços para esse tipo de produto. 

A primeira edição do evento, explica o organizador, aconteceu há cinco anos e surgiu da necessidade de relacionar a indústria ao canal de distribuição. Para quem ainda duvida que esse mercado prometa em expansão – já que há um crescimento de 8% ao ano no mercado consumidor brasileiro, com a abertura de cerca de 14 mil novas igrejas por ano – tem nos números norte-americanos um reforço no argumento. Isso porque, lá, a feira tem 52 anos. 

Há mercados em franca expansão. O de livrarias, por exemplo, conta com uma Associação Brasileira de Editoras Cristãs, a ABEC, que reúne cerca de 80 editoras, e uma Associação Nacional de Livrarias Evangélicas (ANLE), com cerca de 1500 pontos de venda. Além da parte editorial, o mercado de instrumentos e gravadoras é outro que já está diretamente relacionado ao jeito de ser evangélico. Estima-se que, de cada 3 instrumentos fabricados vendidos, 2 são para os músicos formados entre esses fiéis e seus chamados “Ministérios de Louvores”, nome dado aos seus conjuntos musicais que tocam letras com teor religioso. Rádios, jornais, e canais de televisão também surgem, casos da TV Palavra, da Rede Novo Tempo. Isso sem esquecer que a TV Record, hoje muitas vezes segundo lugar nos picos de Ibope, é ligada a uma neopentecostal, a igreja Universal do Reino de Deus. O traquejo com a tecnologia já é uma realidade e hoje é possível contar com a transmissão de cultos pela internet. 

O leigo que imagina encontrar em uma feira cristã os já conhecidos artigos como óleos de unções para os rituais, roupas religiosas e até púlpitos também se surpreende. Eles estavam presentes, só que, muitas vezes, com uma cara inovadora: havia até púlpitos de acrílico néon. A moda cristã já apresenta outra cara e são vendidas de bijouterias explorando os símbolos evangélicos (como o peixe e a estrela de Davi, símbolo judaico também assimilado pelos cristãos, como eles, leitores do Antigo Testamento) a roupas. Eliane Daithsehman, responsável pelo estande, explica que a idéia das roupas, jaquetas e bijouterias é a de “passar as mensagens através de coisas bacanas” e cita, como exemplo, uma sunga para surfistas com a inscrição “Escolhido por Deus”. Mas as pessoas das várias e diferentes igrejas compram? “Na verdade, Deus é um só”, afirma a vendedora. Há menos de um ano no mercado, essa é a primeira aparição da empresa na feira. 

Livros religiosos também são bastante consumidos. Parte dos títulos não são muito diferentes dos que encabeçam as listas dos mais vendidos no chamado mundo “secular”, mas com uma pitadinha de fé e figuras religiosas. É o que se pode notar ao ver os títulos de livros como “Plano Mestre de Evangelismo”, “Administração segundo a Bíblia” e “O senhor dos Anéis e a Bíblia”. 

A promessa das vendas parece ser o “Contrate Preguiçosos”, livro de Eduardo Cupaiolo, da Editora Mundo Cristão. Segundo explica no estande Mazelle Borges, do departamento de marketing da editora, há livros que fazem sucesso até com o público católico, caso do título “O poder da esposa que ora”, de Sotrmie Omezian. A divulgação é feita no boca-a-boca mesmo,

Alguns livros do catálogo, contudo, deixariam os não evangélicos de cabelos em pé. É o caso de “A Batalha de Toda Mulher”, de Shannon Elhrilge que, segundo a contracapa, é um guia para mulheres sobre como vencer as “tentações sexuais”, que assegura que vai deixá-las imunes aos perigos do “primeiro pensamento impróprio”. Obviamente, Freud, ainda que considerado ultrapassado por muitos, passaria longe do catálogo da editora. 

Caminhar por determinados espaços da feira é, antes de tudo, um teste para os ouvidos. É o caso de quem passa pela frente de um dos estandes que exibem sermões do pastor Silas Malafaia, o da Editora Central Gospel. O vídeo chamava-se “A Ação de Deus e as potencialidades humanas” e, nele, o pastor repetia, aos berros, máximas como “Amar a Deus, antes de tudo, é uma decisão”. Decisão feita em tom de ordem para um público carioca atento. Malafaia é, segundo a caixa do DVD, “Psicólogo, conferencista internacional, professor de teologia nas cadeiras de evangelismo pessoal e síntese do antigo testamento”. Esteve presente na feira também e, com o mesmo vigor, gritava máximas para um público atento.

Há espaço para uma série de organizações e entidades cujo cunho é filantrópico e assistencialista. A Star of Hope, por exemplo, é uma ONG que atua há cinquenta anos, levando uma ambulância-consultório-móvel de creche em creche. Eles estavam na feira a procura de empresários que investissem no projeto “e que podem, com isso, ter abatimento no imposto de renda”. A contribuição poderia ser do tipo da feita pela Escandinávia, que doou uma ambulância.

Existem instituições de ensino superior nesse meio também. É o exemplo da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Com cursos que vão do aconselhamento Pastoral, passando por Bacharel em Teologia e Bacharel em Música Sacra, a escola forma 20 pastores por ano e de 45 a 50 “ministros de música”. A instituição, que fica em um prédio na Rua João Ramalho, ao lado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ainda aguarda o reconhecimento oficial do MEC e tem hoje 500 alunos. Mas a idéia é aumentar e, para isso, foi feito um investimento de R$ 600 mil na estrutura do prédio. A expectativa é que sejam gastos, em 6 anos, cerca de R$ 1 milhão para que o total de alunos passe a 700. A mensalidade da graduação custa R$ 467 mensais e a dos cursos especiais varia de R$ 70 a R$ 120.

Lourenço Stélio Rega, diretor geral da instituição, explica que a ligação dos ensinamentos do Antigo Testamento e o mundo corporativo estão relacionadas com as práticas consideradas hoje modernas. E exemplifica: “Moisés ensinou um modelo de liderança descentralizada”. Mas não acredita que as igrejas estejam se profissionalizando em seus processos decisórios “Na verdade, as empresas é que parecem com a gente”.

Sobre sua opinião sobre a feira e a venda de produtos católicos, Rega considera que “há produtos e produtos”. Para ele, se são livros, bíblias, programas de computador, “material de aprendizado para construção”, não há nada de mais. Crítico contudo do modelo de recompensas pelo menor custo também na religião, Rega considera que “não dá para negociar com Deus”. “Achamos que esse tipo de produto tem de existir, mas não dá para dizer que comprando algo você vai ser abençoado”. 

Segundo estudo recém-divulgado, realizado em dez países, entre eles Brasil, Estados Unidos, Chile, Guatemala, Quênia, Nigéria, África do Sul, Índia, Filipinas e Coréia do Sul, os movimentos “renovacionistas” estão com tanta força que os evangélicos e católicos carismáticos já formam 49% da população brasileira dos grandes centros urbanos. São elas, cuja expansão remete às décadas de 70 e 80 (como Igreja Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo) que apresentam modelos de gestão nos moldes empresariais, bem como têm grande intimidade com o uso da mídia.

Vocação Musical

Na música, além da força do mercado de instrumentos, os “Ministérios de Louvor” se profissionalizaram de tal maneira que não é pequeno o número de gravadoras no meio e, em alguns casos, o de suas vendas. Como exemplos, é possível citar as gravadoras da Igreja Universal do Reino de Deus, a da Igreja Batista da Lagoinha e, agora, mais recentemente, a da Igreja Bola de Neve. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), as gravadoras evangélicas não reportam o número de discos vendidos, mas, na preferência do consumidor, eles aparecem como os primeiros para 10% dos compradores.

A Line Records, por exemplo, gravadora ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, está há 15 anos no mercado. Para a feira, trouxe 23 lançamentos somados ao seu catálogo de 250 CD’s e DVD’s. Entre os lançamentos, o cantor popular Robinson Monteiro, sucesso em 2001 no Programa de calouros Raul Gil, que vendeu um milhão e meio de cópias. 

Segundo Maurício Soares, diretor comercial da Line, a gravadora cresceu 26% do seu faturamento de 2004 para 2005, isto é, algo em torno de R$ 50 milhões. Para os 50 títulos lançados no ano anterior, foram direcionados R$ 2 milhões, 12% a mais sobre o investimento de 2005, o que a empresa espera ver refletido em um aumento de pelo menos 15% nas vendas. Somente no cantor Robinson, foram investidos R$ 500 mil. Dentre outros nomes do catálogo estão a também “ex-Raul Gil” Jamile e a apresentadora Mara Maravilha. “Todos eles venderam pelo menos 100 mil cópias”, explica Soares. Só Robinson, explica, atingiu a marca em 30 dias. Para se ter uma idéia, na feira, no dia anterior à entrevista, o diretor comercial afirma ter vendido 30 mil cópias de novo CD do cantor. 

Soares afirma que hoje há cerca de 7 milhões de membros da Igreja Universal do Reino de Deus no Brasil, mas que estão espalhados em 50 países. A maior vendagem da gravadora até hoje foi a do Bispo (agora licenciado, atual senador e candidato derrotado no primeiro turno ao governo do Rio de Janeiro) Marcelo Crivella, cuja distribuição foi feita pela Sony e vendeu 1,6 milhão de cópias. Além disso, 2% da produção já está sendo exportada para países como Estados Unidos e Portugal, bem como discos em espanhol estão sendo produzidos para sair até o final de 2007, caso do álbum da cantora Soraya Moraes. A empresa já está também no ramo de ringtones (toques de celular), negocia com Chile, Japão, Equador e Porto Rico e, em um ano e meio, pretende estar com seu portal para a comercialização de mp3 via internet.

Número vasto de compradores e intimidade com a tecnologia também são emblemáticas da Igreja Batista da Lagoinha. Foi lá que nasceu a Diante do Trono, gravadora que arrasta multidões para seus shows em estádios (2 milhões no Campo de Marte, em São Paulo, 1,1 milhão no Maracanã), já está em seu nono CD, gravado em Belém do Pará. Embora com um discurso profissional e de otimização de gestão, os membros da Diante do Trono, o “Ministério de Louvor e Adoração”da Igreja (que conta com cerca de 100 integrantes) não falam em cifras. Novos lançamentos? Também, segundo eles, não dá para saber. O que se sabe é que Ana Paula Valadão Bessa, cantora, compositora e filha do pastor Márcio Valadão, à frente de grande parte dos CDs e shows, é a responsável por eles. “Deus que traz para ela as mensagens, por que gravar, ela que traz as músicas e compõe”, justifica Iana Coimbra, assessora de marketing e comunicação da Diante do Trono. São 20 títulos em catálogo, 5 deles para crianças. Já foram vendidos 5 milhões de CD’s do último sucesso, com o nome “Por amor de ti, oh Brasil”, gravado ao vivo em Belém do Pará. No primeiro dia após o lançamento a gravadora (que não gosta de ser chamada assim, mas que legalmente funciona como tal, com escritório e tudo o mais) vendeu 126 mil cópias. 

Ainda que as cifras não sejam divulgadas, os números apontam um mercado importante. Os CDs são vendidos a R$ 16,90 no varejo e a Diante do Trono defende que os lucros são todos reinvestidos em novos produtos e nos trabalhos da igreja, já que os artistas abrem mão de seus direitos. Nos megashows, Iana assegura que a entrada é sempre gratuita ou é cobrado um quilo de alimento. 

“Há dez anos se achava que o evangélico tinha mal-gosto musical. A proposta da Diante do Trono é excelência. Só tocamos com músicos profissionais”, explica Iana, uma jovem de 23 anos formada em jornalismo e pós-graduada em marketing, dançarina nas apresentações e membro do Ministério desde os 14 anos. Ela explica que o “Ministério de Louvor Diante do Trono” conta com uma “house de criação” com 3 designers e que toda a profissionalização das atividades da Igreja, movimento ocorrido sobretudo nos últimos dez anos, nada mais é que um reflexo da mudança do perfil do evangélico. “Ele está cada vez mais exigente com a qualidade”. Segundo a jovem, a Diante do Trono tem um trabalho organizacional que se compara ao de qualquer empresa, com metas trimestrais de venda e de posicionamento da marca a serem atingidas. A diferença é que a “missão” da empresa é, para eles, uma missão de fato, na acepção menos laica do termo. 

Ainda que sejam uma igreja, não fazem doações exceto para os projetos sociais que acontecem em outros países, tais como Polônia e Albânia, e distribuído por missionários. “As pessoas acham que a gente comercializa a fé, mas abençoamos vidas. E estamos dentro do sistema capitalista”, afirma Iana. A busca pela qualidade acabou gerando até parcerias como com os designers de uma famosa grife mineira não-evangélica para a confecção das camisetas da grife Amém (veja foto). A empresa também possui um shopping virtual onde vendem, além dos CDs e DVDs, brinquedos, bonés, camisetas, cadernos, lancheiras, mochilas e livros. 

Ainda começando na área, mas já de olho no potencial do mercado fonográfico evangélico, está também a Bola Music, gravadora ligada à igreja Bola de Neve, conhecida como igreja dos surfistas e comandada por Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, 34 anos, o Pastor Rina. Segundo ele, que acompanha todas as gravações pessoalmente, a idéia da gravadora surgiu em 2003, já que sua própria mulher, a pastora Denise Gouveia de Seixas Pereira, compunha as músicas com letras de exaltação religiosa chamadas louvores, que foram então gravadas e distribuídas pelas diversas igrejas espalhadas em São Paulo e pelo País. “Ele então foi parar em vários lugares do Brasil e até a tocar em rádio sem sabermos”, conta o pastor. “A gravadora teve que se organizar para tornar legal esse comércio”, explica Rina. Segundo ele, todos os artistas são amigos da Igreja de já algum tempo.

Rodolfo Abrantes, por exemplo, ex-Raimundo, Rodox e Sara Nossa Terra, freqüenta a igreja em Balneário Camboriú e viaja o País para dar testemunhos de fé. Rina afirma que sua música toca até em rádios não-cristãs e defende que a quebra de tais limites seja uma tendência. O primeiro CD vendido, o “Te Vejo Pai”, da Tribo de Louvor, teve a primeira tiragem de 10 mil unidades, mil delas comercializadas na feira e outras quatro mil já vendidas. A produção, de acordo com a demanda, tem previsão de, até o final do cano, contar com 16 títulos ao todo. 

Hoje, a Bola de Neve conta com 10 mil fiéis só em SP, 2 mil a mais que em 2005 e 50 vezes mais que em 2000, quando a igreja surgiu. Segundo Rina, há ainda mais pelo menos 6 mil pessoas em 26 igrejas bem menores espalhadas pelo país, tanto no litoral quanto em outras cidades como Marília, Curitiba, Mogi das Cruzes e Brasília. 

Além da distribuição de CDs e dos shows, cujo ingresso custa 15 reais mais um quilo de alimento para cobrir os custos, Rina lembra que a Bola de Neve pretende lançar no mês de outubro um site com rádio 24 horas e, no mês seguinte, um portal de e-commerce, no qual serão vendidos CDs, livros, Bíblias e será transmitida uma TV ao vivo. Apesar de todos os planos, o pastor afirma que não se trata de uma gravadora focada no lucro, “como outras gospel”, mas que se trata de um “agente abençoador”. Seja como for, os planos de Rina incluem Europa e Estados Unidos na rota de bençãos já no próximo ano, para onde pretendem exportar de 15% a 20% da produção. Os CDs serão vendidos entre R$ 20 a R$ 22 nos pontos finais de venda, conforme a previsão da gravadora. 

Flavia Machado, gerente de vendas da gravadora, contabiliza no catálogo, além dos citados Rodolfo e Tribo de Louvor, a Banda Ruth’s (só com mulheres, cuja vocalista é a própria mulher do pastor Rina), Catalau (ex-banda de hard rock Golpe de Estado) e Nengo Vieira, cantor de reggae.

Turismo Evangélico

Outro filão pouco conhecido no mercado religioso é o de viagens com temas cristãos e paisagens bíblicas. É o que faz, por exemplo, a RSTravel. A empresa surgiu em 1992, em princípio atendendo também não evangélicos, explica Fernando Saito, um dos guias desses roteiros. Com o tempo, a empresa familiar foi se focando, uma vez que o pai já era evangélico da Assembléia de Deus e, desde 1994, a empresa se especializou no turismo de peregrinação, como são conhecidos os roteiros de visita à chamada terra santa. Um mercado que, segundo o Ministério do Turismo de Israel, aumentou 30% de janeiro a abril de 2006, levando 695 mil turistas a suas terras, 34% a mais que nos primeiros quatro meses do ano anterior. 

Os números, contudo, até por questões geopolíticas, são inconstantes. Saito passou por maus bocados com a oscilação na venda dos pacotes e da possibilidade de concretizar a viagem em uma série de situações. Ele lamenta, por exemplo, ter feito parte do grupo que presenciou a visita de Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas em 28 de outubro de 2000, um dos estopins da Segunda Intifada, a revolta palestina contra a ocupação israelense.

Foi realizando cruzeiros para cristãos, entretanto, que o negócio viu uma grande oportunidade. Em 2001, com o cancelamento das viagens em decorrência do 11 de setembro, essa foi a solução encontrada para proporcionar a viagem de férias de um grupo de evangélicos. Mas Cruzeiro não é lugar de “axé music”, samba, pessoas alcoolizadas e um ambiente não muito chegado a orações?

Esse foi o desafio da agência: fazer com que 270 evangélicos se sentissem à vontade numa viagem convencional de um cruzeiro para 1800 pessoas. Para isso, a presença de um pastor, a organização de reuniões, cultos e palestras durante o dia ajudou. Música? Sim, muita, mas a chamada “de louvor”. Dentre os principais freqüentadores dos pacotes de seu grupo, estão pessoas das igrejas Renascer, Assembléia de Deus de Madureira e Bola de Neve, “os mais animados”, segundo Saito.

Mas não há preconceito? Saito conta que na primeira viagem colocaram uma faixa de boas vindas próxima à piscina e algumas pessoas se ofenderam. Mas não é sempre assim. “As

pessoas usam salões para shows de mágica, de música e as atividades são alternadas para os que quiserem participar da programação normal do Cruzeiro, possam também”, explica. As viagens de cruzeiro giraram em 2006 R$ 480 mil reais e a expectativa da agência é que esse número cresça 20% no próximo ano. Em 2005, a agência levou 270 pessoas e, em 2006, pretendem ultrapassar esse número. A rota das viagens inclui Florianópolis e Buenos Aires.

Fonte: Istoé Dinheiro

Na onda de Cristo

Por Cristiane Segatto

Afiada na linguagem dos jovens, a igreja evangélica Bola de Neve Church cresce pregando curas milagrosas e sexo somente depois do casamento

A Bola de Neve Church cresceu 1.100% nos últimos 2 anos e já está presente em 8 cidades brasileiras.

Volta e meia uma mãe desconfiada invade os domínios do pastor evangélico Rinaldo de Seixas Pereira, de 31 anos, louca para desmascarar a balada que o filho anda curtindo com a desculpa de freqüentar uma igreja. Mal consegue disfarçar a surpresa quando avista o pranchão de longboard colocado sobre o púlpito da Bola de Neve Church, um templo onde reggae, surfe e pregação se confundem. A igreja da galera cresce no Brasil de carona na tendência de especialização das agremiações evangélicas, conforme explica o pastor batista Ariovaldo Ramos, diretor da Faculdade Latino-Americana de Teologia Integral. Em um esforço de diferenciação, igrejas emergentes procuram públicos cada vez mais específicos.

Criada por um surfista formado em propaganda e marketing, a Bola de Neve pretende converter espíritos indomáveis - surfistas, skatistas, drogados, malhadões e gatinhas - em tranqüilos servos de Deus (e da igreja), dispostos a abandonar vícios e abrir mão do sexo antes do casamento. A receita: música, telões que exibem cenas de esportes radicais, festas em casas noturnas (regadas a refrigerante), cultos superemocionados e linguagem para lá de informal.

'Vocês já viram uma igreja com tanta balada?', pergunta à platéia o pastor Rinaldo, vestido de calça jeans e tênis. A maioria do rebanho de 'Rina', como é chamado, tem entre 15 e 30 anos. Os 1.200 fiéis lotam o maior dos templos, inaugurado no início de julho em Perdizes, bairro paulistano de classe média. Nascida de uma reunião de amigos há dez anos, já com ambição de virar avalanche, a Bola de Neve avolumou-se. Nos últimos dois anos, o número de membros da igreja pulou de 250 para 3 mil em todo o país. Eles se cadastram formalmente e pagam o dízimo (10% da renda mensal). Freqüentadores esporádicos estão fora dessa conta. Já existem sedes em Boiçucanga e Peruíbe, no litoral paulista; Florianópolis, em Santa Catarina; e Itacaré, na Bahia. Na cidade baiana de 20 mil habitantes, a Bola de Neve ocupa um casarão antigo, ao lado da igreja católica. Pastor e padre vivem às turras, e a fama da evangélica se espalha. Grupos menores funcionam em Itanhaém e Santos, São Paulo; em Laguna, Santa Catarina; em Niterói, Rio de Janeiro; e em Salvador, Bahia. Osurfista Dadá Figueiredo, um dos mais importantes nomes do esporte nos anos 80, está prestes a inaugurar uma célula na Barra da Tijuca, no Rio. Embriões da igreja brotarão em breve em Huntington Beach, na Califórnia, e até mesmo no Havaí.

Arrastar adeptos em potencial para os cultos em que decotes e bíceps à mostra são aceitos é tarefa de gente como o fisiculturista Enzo Perondini Filho, de 40 anos, vencedor do Campeonato Brasileiro de Musculação Atlética no ano passado. Vítima de anabolizantes que lhe provocaram um câncer no fígado, Perondini recebeu uma previsão de três meses de vida em 1998. Mas a doença estacionou. O fiel, que se considera curado por Deus, percorre o circuito das academias de ginástica em busca de ovelhas como a modelo Cida Marques, conhecida pelos seios fartos exibidos nas revistas masculinas, e Monique Evans, apresentadora do apimentado Noite Afora, da RedeTV!, um mosaico de cenas de sexo com depoimentos de strippers e garotos de programa.

Aos 47 anos, Monique freqüenta a igreja desde o início de 2002. Tem a Bíblia toda anotada e engaja-se em altas discussões religiosas. Nesta segunda-feira, três dias depois de firmar o compromisso no civil, vai casar-se com o publicitário Guga Sander, de 29 anos, em uma cerimônia conduzida pelo pastor Rina. O casal juntou as escovas de dentes há dois anos, mas agora decidiu receber a bênção. 'Encontrei o meu varão e o pastor nos fez perceber que não podemos dar brecha ao demônio', conta Monique. Ainda que dividindo a mesma cama, os pombinhos encaram um jejum sexual como preparação para o grande dia. 'Estamos em santidade há quatro meses e a dedicamos a Deus', declara a apresentadora. Cada vez mais envolvida com a igreja, Monique revela que pretende mudar o foco de sua carreira na TV. Ocontrato com a emissora vencerá em maio de 2004 e, até lá, ela deve continuar falando sobre sexo. Mas seu plano B é criar um programa para aproximar casais cristãos.

O espírito casamenteiro caracteriza a Bola de Neve e é incentivado pelo pastor Rina, que não mede palavras e esforços para ver seu rebanho crescer e se multiplicar. Sexo, segundo ele, é a união espiritual de dois corpos. Por isso, só deve ser praticado dentro do casamento. Nos cultos, Rina promove matrimônios coletivos e abençoa cada casal em menos de cinco minutos. A informalidade dá o tom. 'Estou me sentindo um padre mexicano fazendo um casamento a jato para a galera ganhar visto', brincou no culto do domingo 20. Quando celebra um noivado, dispara: 'Pode dar um selinho básico, afinal, ainda não estão casados'.

Mais do que a possibilidade de encontrar a alma gêmea, a moçada que freqüenta a igreja - como o jogador de futebol Cris, hoje no Cruzeiro, e Rodolfo, ex-líder da banda Raimundos - é atraída pela descontração e pelo ambiente amistoso. A seqüência esperta da celebração também ajuda a manter a casa cheia. O público é recebido pela banda liderada pela professora de bodyboarding Denise Gouveia Pereira, de 30 anos, casada com Rina. A bela loira, sobrevivente de uma overdose de cocaína, canta hinos em ritmo de reggae e rock durante uma hora. As letras dos louvores são projetadas em um telão e a iluminação é reduzida nos níveis de uma danceteria. É hora de deixar a molecada soltar os bichos com gritos e saltos. No fim do último número, o pastor toma a cena e aproveita os acordes graves para soltar uma voz cavernosa que parece saída das trevas. Mantém os olhos fechados e fala palavras incompreensíveis, parte do ritual no qual são esperadas manifestações sobrenaturais, curas milagrosas e o dom de falar em línguas não-identificáveis. Depois da pregação, as pessoas estão tão sugestionadas pela voz poderosa e pela repetição de orações em voz alta que acabam tomadas por euforia e emoção, choram, levantam as mãos para os céus, pedem perdão, fazem súplicas. Ao final do culto, sentem-se renovadas e atribuem o fenômeno a um estreitamento dos laços com Jesus. Como em qualquer culto neopentecostal, o pastor lança petardos contra a homossexualidade ('A mídia quer que a sociedade ache normal ver duas meninas se beijando') e as religiões afro-brasileiras ('Se alguém questionar o dízimo que você dá para a igreja, pergunte quanto essa pessoa deixa na mão do pai-de-santo').

No quesito das ofertas, porém, a Bola de Neve parece mais comedida do que as concorrentes. Nada de envelopinhos para pressionar os fiéis a doar valores estipulados ou quadros que denunciam quem atrasou o dízimo. Os freqüentadores são convidados a depositar quanto quiserem em uma urna e a contribuir com o dízimo mensalmente. Evangélica desde a infância, a estudante de comunicação social Viviane Constante da Silva, de 19 anos, entrega à igreja 10% de seu salário de telefonista. 'Com grande prazer, porque aqui eu me sinto em casa. Sou evangélica desde criança.' Ela conta que freqüentava outras igrejas por reverência a Deus, mas não tinha acesso aos pastores. 'Aqui eu posso procurar o Rina se tenho algum problema, porque ele sabe quem eu sou', diz. 

O dízimo da rapaziada financia a expansão da igreja, mas ainda não fez o pastor enriquecer, como ocorre com muitos líderes religiosos. Rina, Denise e o filho dela, Nathan, de 9 anos, vivem em um apartamento alugado em Perdizes. Como qualquer outro casal de classe média que almeja um financiamento imobiliário, andam cortando despesas. A academia que freqüentavam reajustou os preços e foi eliminada do orçamento. Rina também não tem plano de saúde, ao contrário da mulher e do enteado, que chama de filho. 'Até poderia pagar a mensalidade, mas quis abrir mão disso para poder continuar dizendo que Deus cura enfermidades', explica. Ex-representante comercial de uma marca de surfwear, Rina chegou a ter uma renda três vezes superior ao salário de pastor que recebe hoje. Mas estava decidido a dedicar-se exclusivamente ao Evangelho desde 1992, quando uma overdose de cocaína, agravada pela hepatite C, deixou-o paralisado e cego por alguns instantes.

Com um aparato de comunicação que se resume a uma revistinha de 10 mil exemplares e a um programa diário na Rádio Musical FM, o pastor está a anos-luz de um Edir Macedo. Tampouco almeja esse status. Rina assistiu a um culto da Universal do Reino de Deus há dez anos e não gostou da ênfase dada aos dízimos e ofertas. 'Não pretendo construir um império', afirma. 'Se a Bola de Neve crescer, terá sido conseqüência do trabalho de todos nós.' No próximo dia 4, um banho coletivo selará a entrada de dezenas de almas para a nova igreja. O batismo não será na praia, onde tudo começou, mas na piscina do Clube Palmeiras, em São Paulo.

Fonte: Revista Época



Os novos pastores

por Camila Pereira e Juliana Linhares

Com menos ênfase no sobrenatural e mais investimento em técnicas de auto-ajuda, a nova geração de pregadores evangélicos multiplica o rebanho protestante e aumenta a sua penetração na classe média

A informação foi divulgada pela primeira vez no último mês de maio, para perplexidade dos 320 bispos católicos reunidos na 44ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Indaiatuba, no interior de São Paulo: nas últimas décadas, a Igreja Católica brasileira perdeu nada menos do que 15 milhões de almas, segundo pesquisa de mobilidade religiosa feita pelo Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris). O trabalho, coordenado pela socióloga Sílvia Regina Fernandes, abrangeu cinqüenta municípios brasileiros, sendo 23 capitais, e foi realizado entre agosto e novembro de 2004. De acordo com o estudo, o primeiro motivo pelo qual o católico vem abandonando a doutrina é a discordância em relação aos seus princípios. O segundo é a sensação de não ser acolhido pela igreja e o terceiro é o fato de não ter encontrado nela apoio para os momentos difíceis. Os resultados da pesquisa do Ceris embutiam um desconcertante corolário: de que, de cada dez ex-católicos, sete se tornaram evangélicos. De 2000, ano do último censo, a 2003, o número de evangélicos brasileiros passou de 15% para quase 18% da população, conforme estudo inédito feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenado pelo economista Marcelo Neri. Em valores absolutos, isso significa dizer que, em três anos, quase 6 milhões de brasileiros aderiram ao protestantismo, que continua crescendo com fôlego renovado graças ao trabalho de uma nova geração de pastores.

Das três grandes correntes evangélicas presentes hoje no Brasil (veja quadro), a neopentecostal é a que mais cresce. Surgida na década de 70, ela teve como principais expoentes pregadores como o pastor Romildo Ribeiro Soares, conhecido como R.R. Soares, e o bispo Edir Macedo. Juntos, eles fundaram a Universal do Reino de Deus e lotaram estádios com seus brados de cura e suas performances exorcistas. Eram tempos muito diferentes para os evangélicos: no início dos anos 90, eles não passavam de 9% da população brasileira. Na tentativa, então, de abrir portas para o neopentecostalismo nascente, alguns pastores acabaram por arrombá-las. Um dos episódios mais famosos ocorreu em 1995, durante a transmissão do programa Despertar da Fé, na TV Record. Para salientar a diferença entre os evangélicos e os "adoradores de imagem" católicos, o pastor Sergio von Helde, da Universal do Reino de Deus, desferiu socos e pontapés em uma estátua de Nossa Senhora Aparecida. A cena foi ao ar no dia 12 de outubro, data que os católicos devotam à santa, e ganhou tamanha repercussão que, quatro dias depois, o bispo Edir Macedo foi obrigado a ir à TV pedir desculpas públicas aos católicos. Embora Macedo continue a ocupar o posto de líder máximo da Universal e R.R. Soares, hoje líder de uma igreja dissidente, mantenha no ar seu programa religioso há mais de 25 anos, ambos os religiosos pertencem a uma geração passada. Na pregação das novas estrelas evangélicas não há espaço para destruição de santos ou descrições sobre o apocalipse e o demônio. O Deus que pregam os telepastores da segunda geração não tem na ira sua característica principal. Tampouco cultiva o hábito de espreitar as carteiras de fiéis à procura de tostões secretamente sonegados, como sugeriam, ameaçadores, muitos dos pastores antigos, defensores da tese de que uma boa graça tem seu preço.

A nova geração de líderes evangélicos achou um caminho muito mais certeiro e útil de chegar ao coração dos fiéis: o da auto-ajuda. A promessa é a mesma que ofereciam pentecostais e neopentecostais da geração passada: o da felicidade e prosperidade aqui e agora. Só que, para alcançá-las, os novos pastores sugerem outras ferramentas: além da fé, o bom senso; somado à intervenção divina, o esforço individual. "O discurso atual dá mais ênfase ao pragmatismo e à pró-atividade do fiel do que ao sobrenatural", avalia o pesquisador da PUC-SP Adilson José Francisco. "Em vez de pregar, como fazem algumas igrejas, a libertação de todos os males por meio do exorcismo, por exemplo, esses pastores adotam alguns conceitos da psicologia: para se livrar dos problemas, é preciso uma mudança de atitude, na maneira de ver o mundo", explica o antropólogo Flávio Conrado, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião. Um indicativo claro dessa transformação está na comparação da produção literária dos velhos e dos novos pastores. Títulos como A Fé de Abraão ou Estudo do Apocalipse, assinados pelo bispo Edir Macedo, abrem lugar nas prateleiras das livrarias evangélicas para obras com títulos como Jamais Desista!, do pastor metodista Silmar Coelho, ou Vencendo Obstáculos e Conquistando Vitórias, de autoria de Silas Malafaia. Um dos nomes mais conhecidos da Assembléia de Deus, o pastor Malafaia chega a vender, por ano, 1 milhão de DVDs e CDs de pregações de conteúdo motivacional. Em seus discursos, as parábolas bíblicas dão lugar à objetividade de um Lair Ribeiro. Conflito amoroso? "Vem cá, minha filha: o sujeito é bonitão e sarado, mas não trabalha nem estuda? Então, fica com o magrinho narigudo que é melhor! Ele pode ser feio mas é trabalhador", brada o pastor. Perda de emprego? "Meu amigo, você ganhava 700 reais e viu abrir uma porta de 300 reais? Mete a cara! Não fica dizendo que Deus está olhando, que vai abrir uma porta melhor... Deus tá vendo o quê, rapaz? Vai trabalhar!" "Os neopentecostais pregam o faça-você-mesmo", afirma o historiador e especialista em religiões da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Eduardo Bastos de Albuquerque. "E, muitas vezes, a técnica funciona. Ao deixar de beber, fumar, brigar dentro de casa e ao passar a trabalhar, o fiel alcança, de fato, uma melhoria de vida."

Para o sociólogo Ricardo Mariano, da PUC do Rio Grande do Sul, o sucesso do discurso dos novos pastores está diretamente relacionado ao que ele chama de "desencanto" dos fiéis em relação à idéia da "barganha" com Deus proposta pelos antigos pregadores. "Há certa decepção com esse discurso fácil de que bastaria dar o dízimo e orar que Deus deixaria todo mundo feliz, vitorioso e saudável", diz. O sociólogo chama ainda atenção para o fato de que, ao enfatizarem a importância da racionalidade em detrimento da magia, os novos pastores estão mirando um segmento que, embora ainda incipiente, começa a crescer: o dos fiéis de classe média. As últimas pesquisas indicam que a maior parte dos evangélicos ainda pertence às classes econômicas mais pobres. O estudo "Retratos das religiões no Brasil", divulgado no ano passado pela FGV, mostra que, enquanto o porcentual de evangélicos em todo o país, em 2000, era de 15%, na periferia das regiões metropolitanas ele chegava a 20%. Na comparação com fiéis de outras religiões, a situação socioeconômica dos evangélicos também é desfavorável. Em média, eles ganham 7% a menos do que os trabalhadores católicos, diz a pesquisa. Alguns indícios, no entanto, sugerem que as igrejas evangélicas começam a penetrar de forma mais intensa nas classes econômicas mais altas. A formação dos próprios pregadores é um desses indicativos. O decano R.R. Soares, por exemplo, é filho de pedreiro, não tem curso superior e, antes de ingressar na carreira religiosa, era comerciante, assim como Edir Macedo. Dos cinco pastores da nova geração ouvidos por VEJA, quatro têm curso superior e dois deles possuem pós-graduação: Malafaia, da Assembléia de Deus, é teólogo e psicólogo; Rinaldo de Seixas Pereira, da Bola de Neve Church, é formado em propaganda e marketing, com pós-graduação em marketing; Silmar Coelho, da Igreja Metodista Wesleyana, é teólogo, com doutorado em teologia e liderança; e Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, é físico, com especialização em ressonância magnética nuclear.

A qualificação desses novos pregadores não contribuiu apenas para que eles modernizassem seus discursos, mas, em alguns casos, para que aprimorassem técnicas de gerenciamento de suas igrejas também. O conceito de segmentação está presente nos espaços e eventos dedicados ao público jovem da igreja Sara Nossa Terra. "Dar um tratamento diferenciado a jovens ou idosos é uma preocupação que não existe nas igrejas evangélicas mais antigas", diz o professor e pesquisador da Universidade de Brasília Rogério Rodrigues da Silva. Os evangélicos são hoje o grupo religioso que mais cresce no Brasil – e nada indica que isso vá mudar. Basta ver a rapidez com que a igreja cria novas lideranças. Atualmente, o número de pastores evangélicos por fiel é dezoito vezes maior que a proporção de padres por católico. Enquanto a Igreja Católica não consegue ordenar mais do que 900 padres por ano, só um único instituto evangélico de São Paulo forma, no mesmo período, 200 pastores (veja reportagem). O sucesso da doutrina, a facilidade de comunicação com os fiéis e a eficiência na gestão das igrejas permitem vislumbrar templos evangélicos cada vez mais cheios. Projeção feita pelo economista Marcelo Neri indica que em 2015 mais de 20% da população brasileira será evangélica. É o rebanho cada vez mais satisfeito com o que lhe proporciona sua fé.

Com seu rosto bonito, voz afinada, ar de moça comportada e sorriso eternamente pregado no rosto, Ana Paula Valadão mais parece uma estrela pop de público adolescente do que pastora da Igreja Batista da Lagoinha, de Belo Horizonte – função que exerce há seis anos. Na verdade, ela é as duas coisas. À frente da banda Diante do Trono, essa mineira de 30 anos se tornou uma das maiores estrelas brasileiras da música gospel. Dos oito CDs lançados por seu grupo, sete já ultrapassaram a marca de 400 000 cópias vendidas. Em 2004, em uma apresentação em Salvador, a banda reuniu 1 milhão de pessoas. Nos shows, as músicas (quase todas compostas por ela) são acompanhadas em uníssono pelo público. Em ritmos que vão de baladas românticas a animadas canções pop, as letras falam de um Deus bom, que ama a todos e oferece proteção. Nenhuma referência ao demônio ou ao mau-olhado, comuns no receituário dos primeiros superpregadores. Filha do pastor Márcio Valadão, que preside a Igreja da Lagoinha há 35 anos, Ana Paula começou a cantar em hospitais, festas familiares e no coral da igreja. Hoje, também faz sucesso na TV. Seu programa, que tem o mesmo nome da banda, é um dos mais vistos da Rede Super, canal de sua igreja. O irmão e o marido – a família é formada por quatro gerações de evangélicos – também são pastores e têm seus próprios programas. Ana Paula, no entanto, faz questão de ressaltar que o sucesso não passa de uma conseqüência menor de sua missão. Como diz, docemente, a pastora: "Nós não fazemos entretenimento. Queremos que as pessoas se divirtam, mas louvando ao Senhor, e não a nós".

Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, o pastor Rina, gosta de dizer que a coisa que mais gosta de fazer na vida é orar – e, em segundo lugar, surfar. Aos 34 anos, cabelo espetado, figurino surfwear, ele é o fundador da igreja neopentecostal Bola de Neve Church. Com seis anos de existência, ela tem um público formado essencialmente por jovens, em sua maioria surfistas e skatistas – e vem daí o seu nome, explica Rina. "Bola de Neve é porque eu sabia que seria uma coisa que cresceria. Church porque era como os primeiros freqüentadores, esportistas que costumam usar muitas palavras em inglês, chamavam carinhosamente o templo. Acabei incorporando", conta o pastor. Pouca coisa na Bola de Neve lembra uma igreja evangélica tradicional. No púlpito, uma prancha de surfe faz as vezes de altar. Na platéia, o que se vê são jovens de boné, tatuagem e piercing. Imagens de paisagens e animais são projetadas nas paredes do templo enquanto Rina fala. "Está estressado? Anda tomando Yakult com o chinelo na mão para matar os lactobacilos vivos? Pensa, 'cabeção'! Em vez de estourar uma 'bucha' (fumar um cigarro grande de maconha, na gíria do surfe) e ficar 'doidão' por aí, ora para Deus." Se, na forma, a pregação de Rina soa moderna, no conteúdo é mais tradicional. O pastor defende a manutenção da virgindade até o casamento, é favorável ao aborto apenas em casos de estupro e só aceita no templo gays dispostos a "converter-se" ao heterossexualismo.

"Quem aqui está com o cartão de crédito estourado que levante a mão", pede o bispo Robson Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra. Depois de observar as dezenas de braços erguidos na platéia, ele diz: "Então, hoje nós vamos fazer uma lista dos gastos que podemos cortar e planejar nossas contas para os próximos três meses". Na igreja do bispo Rodovalho – dono da Rádio Sara Brasil FM e da Rede Gênesis, canal de programação gospel em que ele é a principal estrela –, cartão de crédito no vermelho se resolve com aperto de cinto, e não com oração. Judoca, praticante de corrida e musculação, o bispo conta com a ajuda da mulher, Maria Lúcia, para administrar os negócios e a igreja que fundou em 1992 – e que, por causa de incursões ocasionais de atrizes como Deborah Secco e de cantores como Rodolfo (ex-integrante da banda de rock Raimundos), ficou conhecida como "a igreja dos famosos". A também bispa Maria Lúcia é a encarregada do segmento jovem da Sara Nossa Terra. Além de introduzir nos templos aulas de hip hop, capoeira e funk – tudo embalado ao som de música gospel –, a bispa criou o que batizou de "point", um encontro dominical de jovens. "Lá, eles podem cantar, dançar e até beijar na boca", explica.

Em arrastado sotaque carioca, o pastor Silmar Coelho provoca os fiéis do sexo masculino: "Meu irrrrmão, casamento é que nem conta bancária. Só saca quem deposita. Tem de dar flores, elogiar todo dia. Depois, não adianta reclamar que o saldo tá zerado". Foi assim, recorrendo mais a conselhos práticos do que a citações bíblicas, que esse pastor metodista se tornou uma celebridade do mundo evangélico. Seu sucesso é tão grande que ele hoje é convidado a dar palestras para as mais diferentes correntes evangélicas do país: virou uma espécie de consultor para pastores com dificuldades de ibope. O segredo de Silmar está na capacidade de usar piadas, cenas de cinema e metáforas futebolísticas para ilustrar os preceitos da doutrina evangélica e dar suas receitas de felicidade conjugal, resumidas em livros como Manual de Namoro e Sexo e Quanto Vale Quem Você Ama, dois dos dezoito títulos que ele publicou nos últimos anos.

Há 24 anos no ar, o telepastor Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, tem idade e tempo de estrada suficientes para ser considerado um pregador da antiga geração. Basta que comece a falar, no entanto, para que se perceba que sua oratória não poderia ser mais atual. Malafaia tornou-se o campeão brasileiro de venda de DVDs e CDs de pregação (1 milhão de unidades comercializadas por ano) com o discurso evangélico da moda: aquele que defende que, na busca pela felicidade, recorrer ao bom senso e ao esforço individual pode ser muito mais eficaz do que ficar aguardando a providência divina. Seu grande ensinamento é: "Deus move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer. Mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver".

Fonte Revista Veja

Por que a Igreja Bola de Neve seduz surfistas, jovens de classe média e famosos

Poucos metros separam dois points da juventude carioca: a Praia do Pepê e o templo da igreja Bola de Neve Church, ambos na Barra da Tijuca. Na praia, os surfistas usam as pranchas para pegar onda e, nos cultos, elas estão no altar. É isso mesmo. Criada há quase uma década por um surfista de São Paulo, Rinaldo de Seixas Pereira, a igreja nasceu com o objetivo de aproximar os jovens da religião. Hoje, os cultos mostram que a meta foi alcançada. Qualquer um dos 75 templos espalhados pelo País fica lotado de meninas e meninos bronzeados, bonitos, malhados, tatuados. De quebra, ela também está conquistando famosos como os atores Guilherme Berenguer, Fernanda Vasconcellos, Thiara Palmieri, Alexandre Frota e o cantor e ex-Raimundos Rodolfo. O que atrai tanta gente? Há, certamente, mais de um motivo. O púlpito em forma de prancha, a pregação embalada pelo reggae, a Bíblia com imagens de esportes radicais na capa, além de pista de skate. O culto parece uma festa. Mas os preceitos bíblicos, entre os quais virgindade até o casamento, são o centro das atenções. Segundo Eduardo Refkalefsky, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em comunicação religiosa, o sucesso está justamente no equilíbrio entre forma e conteúdo: “A Bíblia é apresentada com uma linguagem jovem. A informalidade é atraente e gera identificação”, afirma.

Tudo é diferente, a começar pelo nome. Bola de Neve quer dizer algo que não pára de crescer. “Acreditávamos que a igreja começaria pequena e ficaria grande, como uma avalanche”, explica Rinaldo, o pastor Rina, 36 anos, ex-usuário de drogas que se tornou evangélico após contrair uma hepatite, em 1992. “O nome é diferente porque a igreja é diferente”, resume. O ator Guilherme Berenguer concorda. Ele encontrou na Bola de Neve um ambiente estimulante: “O que fascina é a possibilidade de receber orientação espiritual de uma forma completamente descontraída e livre. Não tem o peso que eu sentia na escola dominical quando criança. Eu não absorvia tanto os ensinamentos da forma como eram passados. Não tinha essa identificação.” Sempre que pode, o ator vai aos cultos, que são realizados duas vezes por semana, aos domingos e às quartas-feiras.

Cânticos em ritmo de reggae e rock dão início à reunião. Os nossos jovens dançam, acompanhando os passos de duas dançarinas que agitam lenços coloridos. De calça jeans, tênis e camisa florida, o pastor Gilson Mastrorosa, 33 anos, sobe ao altar meia hora depois. “A igreja tá bombando”, diz ao microfone, arrancando palmas dos fiéis, que ainda procuram um lugar para sentar ou mesmo ficar em pé. Ele pára e observa a movimentação. De repente, se joga no chão, simulando um cochilo. As gargalhadas são inevitáveis. “Pára de palhaçada. Vamos prestar atenção”, pede, ainda rindo, ao se levantar. Mas as brincadeiras continuam, mesmo durante o casamento de dois vendedores que superaram uma crise conjugal. “Deixa ver se essa aliança não é dá China”, brinca, antes de celebrar a união de Fernanda de Lucena e Roberto de Azevedo, ambos de 33 anos. “A gente não faz tipo de pastor. No altar somos nós mesmos”, afirma, convencido de que isso é uma vantagem. Cunhado de Rina, foi ele quem instalou a igreja no Rio, há cerca de três anos. Nos primeiros seis meses, as reuniões realizadas em uma sala de um edifício comercial, na Barra, tinham apenas uma dúzia de freqüentadores. Hoje, o salão para 600 pessoas está pequeno e, por isso, será ampliado em breve. Sem contar que a zona sul deve ganhar um templo ainda este ano.



O pastor, porém, pára com as gracinhas ao pedir a colaboração dos fiéis. É hora do dízimo. Embora mantenha o tom informal, recheado de gírias, o discurso também é mais sério quando começam os estudos bíblicos. Segundo o professor Refkalefsky, da UFRJ, a Bola de Neve tira proveito das novas tecnologias, muito utilizadas pelos jovens. “Além do site, que mais parece o de uma grife de surfwear, eles são muito populares em páginas como o Orkut. Esse boca a boca virtual a ajuda a crescer”, argumenta. A informalidade, contudo, não se confunde com flexibilidade. Quem é da igreja segue a Bíblia. Ninguém está proibido de ir a festas, mas os jovens fiéis acabam evitando as noitadas, normalmente regadas a bebidas. É o caso da estudante Milla Knesse, 17 anos, que se converteu aos 14 e já começa a fazer pregações para adolescentes. “Não vou mais a alguns lugares aonde ia porque meus objetivos mudaram, mas continuo saindo muito”, diz Milla, que pega onda, faz kitesurf e usa as mesmas roupas das meninas de sua idade. Mas não namorou mais desde que se converteu. “Entrei na igreja namorando um menino que não freqüentava. Eu achava que não íamos terminar, mas não deu certo”, lembra. Terá mais chances com a bela garota um parceiro que também goste de Jesus.

Fonte: Istoé

Oficina G3 fala em entrevista sobre música secular, fama e guerra

Em entrevista ao site Guia-me, o guitarrista Juninho Afram falou sobre a nova fase vivida pelo Oficina G3

Vocês já têm 20 anos de trabalho e, por que só depois de tanto tempo escolheram gravar um DVD ”elétrico”?

Na verdade não foi uma escolha [passar tanto tempo sem gravar], infelizmente foram circustâncias. Se dependesse do Oficina G3, nós teríamos gravado todos os trabalhos: ”O Tempo”, ”Humanos”, ”Além do que os Olhos Podem Ver”, ”Elektracustika” e agora, o ”Depois da Guerra”. Infelizmente, aconteceram alguns imprevistos no meio do caminho, mas se Deus quiser, está tudo certo para a gente concretizar a gravação do DVD do ”Depois da Guerra”, incluindo também outras músicas que fizeram parte da nossa história, mas o foco realmente é o ”Depois da Guerra”.

O que o público pode esperar desse DVD?

Vai ser um lance bem legal. A gente está preparando várias coisas, tem muitos planos em andamento. Tudo para que esse DVD seja muito mais que apenas uma gravação, mas seja realmente uma interação com o público. A gente está buscando fazer um esquema bem interessante para que realmente seja um evento inesquecível.

Os produtores desse novo CD são de grande nome no mercado, mas não são cristãos. Vocês têm buscado ser influência positiva entre eles?

Com certeza. Acho que mais que ficar falando no ouvido das pessoas, que às vezes eu acho que isso é um erro que o cristão comete - o cristão às vezes quer enfiar o evangelho ”goela abaixo” nas pessoas - mais que isso, acho que o principal lance foi a convivência com a gente. O cristão tem que contagiar mais do que com as palavras. Tem que contagiar com a convivência, com a vida, com o testemunho diário de vida. Podemos dizer que tivemos momentos muito bons com o Heros e o Pompeu [produtores], inclusive em oração, em momentos com Deus. E a gente sabe que eles são escolhidos de Deus, que eles são pessoas especiais, não só para o meio musical e para o Oficina G3, mas principalmente para Deus. Acima de todas as coisas, a gente sabe que o tempo pertence a Deus, mas também sabe que eles não entraram na nossa vida por acaso. Tudo o que aconteceu dentro desse trabalho do Oficina G3, nós cremos que realmente foi vontade de Deus. Para nós foi uma alegria imensa, porque mais que produtores, nós ganhamos amigos.

Como tem sido a adaptação do Mauro Henrique à banda?

Tem sido muito boa. Ele já está totalmente integrado. Rolou um feed-back muito natural, foi muito legal mesmo. Foi uma pessoa que realmente veio para somar. Um cara que foi um elemento que trouxe algo de bom realmente para o Oficina G3. Então, o que eu posso dizer é que a gente está muito feliz mesmo com esse presente que Deus deu para a gente.

Apesar da recente chegada do Mauro Henrique à banda, a gravação do novo CD mostra uma sincronia muito grande entre as vozes nas músicas. Houve um preparo para que isso acontecesse ou foi algo descoberto aos poucos?

Na verdade, preparo para isso não existe. O que houve, foram arranjos, para que se desse um aproveitamento de todo o vocal. Nisso tem bastante da mão do Mauro. Ele deu várias idéias muito interessantes e a gente fez com que se aproveitasse mais essa questão da abertura de vozes dentro desse trabalho.

No ”Depois da Guerra”, percebeu-se um aumento significativo do peso do Rock’n Roll e isso coincidiu com a chegada de um novo vocalista. O Mauro Henrique também influenciou nesse aumento do ”peso”?

O Mauro somou, com certeza. Mas isso já era algo que realmente já estava no nosso coração. Por isso eu digo que ficamos muito felizes e toda essa história foi muito de Deus. O Mauro não entrou no Oficina, destoando do caminho que já estávamos indo. Pelo contrário: ele olhava para a mesma direção e somou muito. teve uma somatória muito grande e realmente agregou muito ao trabalho. Realmente é um novo tempo do Oficina. Pode-se dizer que Deus está dando esse novo tempo para a gente.

Recentemente, Andreas Kisser (guitarrista do Sepultura) elogiou o Oficina G3 pela qualidade do som do Oficina G3. Como vocês reagem a este tipo de repercussão?

Todo tipo de repercussão é sempre bem vista. É lógico que a gente tem desde as positivas às negativas. Agora, eu fiquei feliz com o Andreas, que fez um comentário. Ele é um músico respeitado e um comentário vindo dele é sempre bem-vindo. Para nós realmente foi muito bem-vinda essa crítica que ele fez ao nosso trabalho.

Os gostos em relação a estilos de música entre os integrantes do Oficina G3 são variados. Como isso é administrado para que haja um equilíbrio musical na banda?

Na verdade, em estilo, todo mundo é diferente um do outro, mas no geral todos nós aqui temos a mesma visão musical. Óbvio que existem diferenças, até na questão de gosto musical, mas, no geral, na raiz e o tipo de Rock’n Roll, todo mundo é meio padrão, por isso que não existe uma divergência, não existe uma grande dificuldade para se fazer as coisas. É certo que A gente pensa bem diferente em relação a várias coisas, mas essa maneira diferente de cada um pensar em letras e arranjos faz com que a somatória fique interessante. Sempre sai alguma inusitada, alguma coisa nova. Então, essa mistura é bem interessante.

O novo trabalho ilustra um ambiente de guerras e traz, no próprio som, um certo pesar que elas trazem à humanidade. A escolha desse tema traz alguma intenção especial da parte de vocês quanto a isso?

Esse trabalho poderia até ser chamado de temático. Ele fala sobre os vários tipos de guerras: externas e internas - que acontecem dentro da nossa mente e do nosso coração. Mas, inicialmente isso não foi proposital, ele não foi escrito dessa maneira, com o propósito de ser um trabalho temático. No entanto, no desenrolar, na produção esse trabalho, isso foi tomando forma. Então, pode-se dizer que o grande foco realmente é esse. A gente pode ter guerras, mas em resumo é o seguinte: Deus é aquele que pode reconstruir depois das guerras. Não importa qual seja a guerra que a gente esteja vivendo, qual a situação que nós estejamos vivendo, Deus pode reconstruir. Mas esse trabalho também retrata - e é um ponto muito forte, que a gente bate muito nisso - a guerra que acontece entre o povo de Deus. Nós somos o exército mais dividido da Terra. O exército que mata os seus feridos. Então realmente, isso precisa mudar, isso precisa ser alertado, falado para quem quiser ouvir.

Fonte: Guia-me / Gospel+

3º Dia do Louvor no Playcenter - 27/06/2009

Um dia inteiro com muitas atrações e atividades, reunindo igrejas e comunidades evangélicas de todas as denominações do estado.

Dia 27/06/2009 das 11:00 às 19:00.
Passaporte R$ 28,00

Bandas:
Além do Véu
André Valadão
Bob Jonathann
Brother Simion
Coral Virtude
Cristiane e Daniel
FLG
Mariana Valadão
Ton Carfi
Tribo de Louvor ( Bola de Neve )

Mais informações:
http://www.diadolouvor.com.br

terça-feira, 16 de junho de 2009

Bola de Neve - Autoridade e poder




site de relacionamento

www.amoremcristo.com

Rodolfo Abrantes - Contigo a Mesa




Rodolfo Abrantes - Minha prioridade




Rodolfo Abrantes - Enquanto é dia




Rodolfo Abrantes - Minha maior riqueza




Rodolfo Abrantes - Isaías 9




Rodolfo Abrantes - Além do que eu queira mostrar




Rodolfo Abrantes - Ninguém por perto




Planta e Raiz - A 2 passos do paraíso




Planta e Raiz - Rolê consciente




Planta e Raiz - Hoje o Dia Amanheceu




Planta e Raiz - Eu também faço meu jogo